domingo, 27 de fevereiro de 2011

Imperfeição

   Sorrateiramente ele aparece, pelos cantos escuros, vidraças espelhadas e mentes entreabertas. Pelo sonoro orgulho de um passo a frente, pela inconstância que se tem da habilidade de se descobrir. Num roteiro mal escrito, em uma direção mal executada. Seu sobrenome é plano. Sua face é repintada. O peso que carrega é o mais puro sinal de esperança. O que lhe preocupa são os seus antepassados, que vivem desajeitados e menosprezados, e que por absolutismo lhe causam decepções. A condenação lhe acontece antes mesmo do nascimento, antes mesmo de brilhar. Seu berço, tão bem embalado, o recebe com nostalgia, mas não nega a exatidão da incerteza do tempo. Nem sempre o desejam, nem sempre o preparam. A festa é questão de destino, acaso. Sem coincidências, só merecimento. O maior presente, com redundâncias, é o presente. Poesias não lhe caem tão bem. Os versos tendem a ser curtos. O enredo, intenso. Os artistas, nem sempre criativos. O otimismo, a obra sumária. Sucesso e fracasso, seus melhores companheiros. Procurá-lo é simples. Difícil é encontrar seu verdadeiro sentido, seu melhor motivo. O nome que assusta, o nome que fascina. Futuro.