terça-feira, 31 de agosto de 2010

Dentadura pra chorar!

   Resolvi sair da minha rotina massacrante por um dia, e cumprí-la só pela metade. Resumindo, só trabalhei, o que já é muito. Minha prestação de serviço aos humanos está sendo grande, ou pesada demais pra mim, mas sou mais um pilar nessa construção que nunca vai terminar. Pelo contrário, essa Torre de Babel chamada de humanidade logo vem ao chão, e o dinheiro vai virar um simples e imenso pó branco que vai se misturar ao concreto existente nso cérebros subdesenvolvidos de seus donos. Mas enfim, não quero massacrar momentaneamente a mente dos meus iguais. Não essa massa também chamada de eleitores. Quero crucificar (rir, no mau sentido) os infelizes políticos.
   Lá pelas tantas horas do escuro, resolvi jantar. Prato, garfo, faca, copo e televisão. Sim, a televisão por aqui vem sempre antes do próprio alimento. Talvez um dia eu emagreça só pelo fato de não ter mais televisão pra comer com os olhos. Canal por canal eu via os mesmos rostos, falando as mesmas asneiras, com milésimos de intervalo. E acreditem, eles me convenceram a deixá-los jantar comigo. Precisava rir, necessitava daquela televisão ligada mais do que a comida. Compreendi o que significava canal aberto, porque realmente ali todos eles tem passe livre pra contar qualquer historinha, prometer dentaduras pra quem não pode mais rir deles, ou com eles. Prometer também fraldas pra quem tá cagando pra eles. Prometer cestas básicas pra quem tem fome de educação. O problema maior é que eu acho graça disso tudo, antes mesmo de sentir nojo, porque tenho certeza que ainda vou me revoltar nos próximos quatro anos com esses mesmos babacas. Se ao menos essas poucas promessas fossem cumpridas, mas não. Esses mesmos porcos capitalistas (esse adjetivo eu escutei em uma música, não lembro qual) daqui alguns meses serão os próximos a sentarem para jantar e rir dos palhaços pedindo comida que antes eram socialmente chamado de eleitores.
   Aguentei gargalhar daquele filmizinho de terror por quinze minutos, quando percebi que minha janta era a única coisa que realmente não estava falando bobagem, já que o pedacinho de carne estava bem fritinho. Por sorte, por muita sorte mesmo eu tenho minha tal rotina destrutiva, e por azar, azar mesmo eu sou mais um palhaço que ainda não se ilude por uma dentadura porque tem dentes pra cortar a comida que ainda não provêm da esmola governamental chamada de aposentadoria. E só um detalhe, o 13° salário, tão bendito e aclamado pelos trabalhadores não passa de uma remuneração justa dos meses que contém 31 dias, ou 5 semanas. Calcule como eu, e se irrite com nosso modelo de desevolvimento TÃO desenvolvido.
   E duas coisas eu afirmo: não faço a mínima idéia sobre quem vai ganhar meu voto, e também não vou votar em nenhum candidato idiota que se promove com paródias ridículas ou que distribui dinheiro e promessas pra meia dúzia de vadios levantarem bandeiras partidárias por aí. Tirem os isqueiros de perto de mim, senão queimo tudo. Inclusive meu voto.

sábado, 28 de agosto de 2010

Sete dias, duas roupas.

   Hoje recordei-me de um fato que me levou a nostalgia por algum tempo: a última vez que comprei roupas. Lógico que para um homem (sou homem) isso não é nada muito sufocante, já que pra maioria de nós um modelito fashion se enquadra exatamente em um Rider com meia, uma bermuda com o tal furinho na parte glútea, e sim, uma camisa branca, mas branca mesmo, que é mais fácil de lavar e de sujar.
   A parte do Rider eu vou pular, porque luxo agora é Crocs. Jacaré mais caro que esse só o com nome de Lacoste. Minhas meias se misturam em tons brancos, e só diferencio os pares pelo tamanho. Não que eu nunca tenha saído de par trocado. Tenho meia de todo tipo, desde aquelas que mal chegam ao calcanhar, e que até hoje me intrigam com relação ao seu nome, até aquelas passadas de geração para geração, com três metros de comprimento e que geralmente só se usam em casamentos pelos quais eu não vou. Minhas bermudas são um caso a parte, já que obrigo elas a terem um tempo de vida bem maior que elas próprias aguentam. As mais queridas têm até nome, de bermuda. Aliás é extremamente broxante ver alguém conversando com roupas (sim, existe).
    Subindo mais um pouco, se encontra a parte mais sexy das minhas roupas, e não são minhas cuecas. Uma pena. Sou uma das únicas pessoas que adorariam receber cuecas quadradas ou meias sem denominação (lembra que eu não sei o nome delas?). Mas enfim, chegamos às minhas camisas. Ai as minhas camisas. É a parte do meu vestuário com maior número de possibilidades e menor número de variações em meu corpo. Tenho pólos mas não tenho eventos sociais, tenho camisas de marca mas não vou em balada, tenho camisas podres mas lavo o carro raramente. O que me restam são as lindas e fofas camisas brancas, essas sim, que estão sempre ali, gritando pra dar uma voltinha (eu não falo com as roupas, elas que puxam papo) e sair do armário, num estilo Power Ranger azul.
    Tenho mais acessórios guardados do que em uso, e geralmente quando cito acessórios, remeta-se imediatamente a cores verdes-amarelas (ano de Copa poxa). Meus bonés sempre são roubados/perdidos, então desisti, com medo de ficar careca, pra não dizer que não tenho dinheiro. Nada que um bonezinho de posto não resolvesse nesse meu modelito. Agora vendi três relógios ridículos que eu tinha pra comprar um. Tive que vender três, 3, TRÊS, III relógios pra comprar só um. Baita inflação. Ah, e arranjei uma pulseirinha do Crack nem Pensar, o que me deixa horrorosamente mais bonito.
    Abri meu armário aqui, mas já aviso que não tenho nada pra ser furtado, muito menos na minha carteira anos 80. Mas o fato é, o mundo está me deixando cada vez mais pobre. Que bom.

domingo, 22 de agosto de 2010

Microfones e cabelos!

   Um dia desses alguém me comentou que o rock está sendo renovado, e que essa novo gênero musical na verdade é só um recomeço dos bons tempos, e que sim, o bom e velho rock vai voltar a soar. Na hora concordei, até porque sou apenas um apreciador de boas músicas, e não um crítico qualificado. Mas depois, mas bem depois mesmo, é que me veio uma visão catastrófica do negócio. Os microfones serão trocados por franjas? As guitarras serão substituídas por calças deploravelmente coloridas? O rock vai ser isto?
   Confesso que me deu vontade de chorar, mas aí lembrei que as lágrimas são o frissom das canções, e aí desisti de ter alguma reação. Os instrumentos musicais estão tão bons que para montar uma banda e fazer um som interessante (?) você só precisa de mais 3 ou 4 cabelinhos lindos e frágeis. E eu que não gostava de Telletubies.
   Chega uma hora que enjoa ter que ouvir sempre as mesmas e surradas músicas. O momento ideal em que se deve largar mão de escutar uma música é exatamente uma semana depois de você decorar a letra inteira dela, por maior e mais americanizada que ela for. E volta a escutar só quando o mundo ou as rádios não te oferecerem mais nenhum cardápio. Aliás rádio ultimamente é uma coisa que me irrita profundamente. Custa entender que simplesmente NÃO DÁ pra escutar 15 vezes a mesma música em uma tarde? Que Lady Gaga não tem gênero (nem sexual, nem musical) ? Que músicas em português são pra serem cantadas somente naquela semana? Que Capital Inicial NÃO vai se enquadrar nos padrõezinhos novos de letra?
   Pode até ser extremamente esquisito alguém de 20 anos de idade escutar e gostar de Rádio AM, mas ultimamente é o que tem me sobrado. Escuto reportagem sobre o câncer do colo do útero, sobre como cuidar de abelhas, sobre como está a bolsa de valores, e o mais triste é que eu gosto. Eu e a mãe do locutor somos ouvintes assíduos. Ou eu to ficando velho ou eu to ficando culto. Tenho medo das duas opções.
    Bom, coloquei o Plural de Dois pra funcionar oficialmente, e se me deixarem EU VOU CHINGAR MUITO NO TWITTER!

(Esse melancólico texto sobre a minha calvície musical eu ofereço pra andreiabreiter.blogspot.com).